Saturday, December 22, 2007

O samba voltou, com (quase) nada novo no samba.

Depois de muito sofrimento com grupinhos de pagode de rapazes bonitinhos e suas letras tão dor-de-cotovelo quanto de Bruno e Marrone, o samba, que há muito vinha sendo mal tratado, voltou. Hoje há um movimento de samba, estruturado principalmente entre a turma de calça xadrez e converse, frequentadora assídua da Lapa e outros redutos alternativos do país.

E na lapa começou a surgir gente como Teresa Cristina, Leandro Sapucaí Roberta Sá, Orquestra Imperial (esta, capitaneada pela atriz-cantora Thalma de Freitas e pelo barbudo (ex?)-Hermano, Rodrigo Amarante). E verdade seja dita, não há nada de muito diferente no samba. Não que seja ruim, só não há muita criatividade frente às grandes inovações feitas no passado.

Há outros cantores se aventurando nesse barco, como Marisa Monte, destacando-se em suas experimentações eletrônicas, assim como Fernanda Porto e MArcelo D2, antes visto apenas como um cantor apologista, e hoje respeitado entre nomes da velha guarda. Maria Rita, numa impecável, mas não inovadora produção, que destaca músicas de Arlindo Cruz, um dos afilhados mais notórios de Beth Carvalho, depois de Zeca Pagodinho.

Aquele que é considerado o primeiro samba gravado, "Pelo Telefone" de autoria de Donga e Mauro Almeida, é na verdade um maxixe um pouco mais corrido, registrado em 1903. Nos anos 30, Ismael Silva na região de Estácio de Sá, funda a primeira Escola de Samba, trazendo inovações como o surdo e a cuíca, pra que se adequasse melhor ao desfile de carnaval. E Nessa mesma época, surge um personagem importantíssimo para a popularização do Samba, Noel Rosa. Foi ele quem uniu o samba do morro com o do asfalto.

Nos anos seguintes o samba se desenvolveu do samba canção às baterias de escola de samba. Um dos novos estilos foi a bossa nova, criado por membros da classe média, dentre eles João Gilberto e Antonio Carlos Jobim.

Nos anos sessenta os músicos da bossa nova iniciaram um movimento de resgate dos grandes mestres do samba. Muitos artistas foram descobertos pelo grande público neste momento. Nomes como Cartola, Nelson Cavaquinho, Zé Keti e Clementina de Jesus gravaram os seus primeiros discos.

Nos anos setenta o samba era muito tocado nas rádios. Compositores e cantores como Martinho da Vila, Bezerra da Silva, Clara Nunes e Beth Carvalho dominavam as paradas de sucesso. Surge também uma nova vertente, o samba-rock e seus criadores, Jorge Ben e Sérgio Mendes, com uma guitarra mais acelerada e puxando para um "lado mais crioulo", como diria o hoje Ben-Jor.

No início da década de 1980, depois de um período de esquecimento onde as rádios eram dominadas pela música de discoteca e pelo rock brasileiro, o samba reapareceu no cenário brasileiro com um novo movimento chamado de pagode. Nascido nos subúrbios cariocas, o pagode era um samba renovado, que utilizava novos instrumentos, como o banjo e o tantã, e uma linguagem mais popular. Os nomes mais famosos foram Zeca Pagodinho, Almir Guineto, Grupo Fundo de Quintal, Jorge Aragão e Jovelina Pérola Negra. E aí ficou.

Na década de 90, samba e o pagode foram deixados de lado pelas letras românticas, fazendo com que o mais fino do subúrbio se tornasse brega, cafona, feio e sem brilho.

E finalmente no século XXI ele retorna, forte e igual. Talvez ainda falte ousadia para se modificar e fazer algo a mais. Mas de certo, está sendo honrado. Os "calças xadrez" têm mostrado que são muito além do que diziam. Bom gosto, de fato, já provaram que têm!