João Emanuel Carneiro é o roteiristas de TV de carreiras mais meteóricas e de sucesso dentro da TV Globo. Em seu currículo apenas três novelas: Da Cor do Pecado (2002), Cobras e Lagartos (2005) e a atual A Favorita (2008). A trama que relata o duelo entre duas ex grandes amigas, é a estréia de João Emanuel na faixa nobre da emissora do Jardim Botânico. O que pouca gente sabe é que Carneiro é um roteirista de sucesso também no cinema, com duas tramas que passaram pela academia de hollywood com louvor (sim, hollywood). É dele o roteiro de Central do Brasil e Diários de Motocicleta, ambos dirigidos por Walter Salles. A minha iquietação é de buscar a resposta do porquê que um roteirista do gabarito de João Emanuel Carneiro troca a telona pela telinha, quando muitos dos profissionais de TV vão para o cinema após a consagração global (vide nomes como Daniel Filho, Jorge Fernando e Guel Arraes). A respostã não é óbvia, mas não é difícil.
A questão toda é que o cinema feito pelos últimos nomes citados é um cinema pobre, barato e quase que um especial de fim de ano da Rede Globo (alguns realmente são). Tirando o talento de Guel Arraes, que mesmo em escorregadas como A invenção do Brasil, pode receber bons créditos por O Auto da Compadecida (Microssérie da Globo que ficou cinematograficamente bem editada para a telona), os outros são muito fraquinhos, com cenários dignos de Rede Record. Já João Emanuel não. Ele trabalhava com o lado bom do cinema nacional. O lado não polarizado, não pasteurizado. E esse, carece, e muito, de incentivos. Tanto que pessoas como Walter Salles têm que sair do país para conseguir recursos para seus trabalhos.
Ao optar em roterizar novelas, João Emanuel Carneiro recebeu um (ótimo) salário, um grande prestígio pela emissora, por conta de seus dois trabalhos anteriores, com audiências mais que satisfatórias. E em sua empreitada às oito vêm carregada de novidades. Roteiro ágil, mistério desvendado no início e uma clara setorização na trama em três camadas: MISTÉRIO, TRIUNFO DO MAL, TRIUNFO DO BEM, dá fôlego à tramas de suspense em novelas, pelo novo formato, pela coragem de se desvendar um assassino logo no início da história e pelo ar de cinema que seu roteiro traz. Por essas e outras a audiência de A Favorita vem alcançando bons índices, e vai afastando nomes talentosos como João Emanuel Carneiro da sétima arte. Ganha a televisão, pelo investimento. Perde o cinema nacional, pela falta do mesmo.
Wednesday, October 29, 2008
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