Saturday, April 25, 2009

Mano Velho

Outro dia retornei à minha infância. Moro no mesmo bairro há anos e é interessante como as coisas mudam muito sem mudar nada. Fiz um passeio com um amigo pela rua que eu morava quando era mais novo, o prédio que eu morava quando era criança. Lembro-me de como eu era travesso. Morava com meus pais no apartamento 301 do Ed. Ava, número 1154 da Rua José Neves Cypreste. No apartamento embaixo do meu, morava um velhinha muito chata, que não gostava de crianças. Na janela do meu apartamento tinha grade e eu ficava lá direto com meu pai. Um dia, não é que eu inventei de fazer xixi na cabeça dessa senhora do 201? Como pode né!!!

Pois é, esse dia foi um dia de lembranças. Passei pela minha escola que estudei minha infância e boa parte e minha adolescência. Eu achei engraçada a sensação que eu tive quando percebi a diferença e visão que o tempo causa em nós. Como eu disse no início, acho interessante como as coisas mudam sem mudar nada. Lembro-me de como era enorme a praça que hoje acho pequena, na mesma rua onde cresci. Assim minha escola, que nem tão grande assim. As escadas, que mais pareciam de um convento de tão grandes, hoje já não me assustam.

Assim também é conosco. O tempo interfere diretamente como vemos as coisas. Momentaneamente podem ser grandes, as escadas, os problemas, os sentimentos...as pessoas. Alguém que você amou muito, hoje nada mais é. Um problema indissoluto no passado, hoje nem problema é, torna-se um situação, que você tira de letra. A vida é assim mesmo, ela é sujeita ao tempo assim como o ferro é sujeito à maresia, ação essa que também é causada pelo tempo.

Existe um ditado que diz que o tempo é o senhor da razão. E gosto de ditados assim, pois normalmente, ditos ppulares contém verdades absolutas (se é que elas existem, depende do tempo em que se vive também). Mas é muito legal parar e olhar pra trás e ver como nós amadurecemos com a ação do tempo. Ações que eu outrora praticava e não abria mão, hoje já não fazem parte de minha vida, não fazem mais parte da verdade daquilo que sou. O nome disso é amadurecimento. Como diria Fernanda Takai: "tempo, tempo, mano velho...", ele corre macio, nós é que muitas vezes não percebemos o quanto temos mudado, melhorado por conta da ação do tempo em nós. E isso é tão proveitoso.

Existem pessoas que sofrem do que chamo de síndrome de Peter Pan, que são aquelas que não querem envelhecer de forma alguma. Quantas e quantas atrizes e gente famosa que vive escravizada por conta de uma imagem de juventude eterna, gente com mais de 60, beirando os 70, que permanecem nos 20 e poucos anos e namorando com garotinhos de 20 e poucos. Juventude e longevidade são completamente diferentes. Não quero permanecer pra sempre jovem. Quero envelhecer, quero aprender com o caminhar da minha vida, com meus erros, meus acertos, minhas decepções e minhas glórias. Pensar em permaecer pra sempre jovem é uma escravidão que eu não suportaria jamais.

Ir atrás e ver minha infância, meu passado, minha praça e minh escola, foi bom demais pra perceber que, na mesma medida que crescemos cronológicamente, outras coisas diminuem, dentro de nós, sem precisar de mudar junto. E me deu alegira de envelhecer, andando junto com o tempo, mano velho. Amém!