Wednesday, July 09, 2008

Entre o bem e o mal

Faz tempo que eu não vejo o mercado dito gospel tão aquecido. E isso é algo muito bom e muito ruim. Pela difusão da mensagem de fé Cristã, de fato é um fator dos mais postivos. Na literatura, há publicações das mais variadas e cada vez mais, primando pela qualidade dos produtos oferecidos. No campo da música, então não se vê no Brasil, uma linha que venda tanto e que tão pouco é afetada pela pirataria, já que é difundido que a compra dos falsificados é pecado e dos grandes. Grandes ícones têm se formado vêm se estabelecendo. A qualidade nas produções é cada vez maior, mais atual e em diversos momentos colocando no chinelo, inclusive as produções de nomes tarimbados da MPB. Se voltássemos, 10, 15 anos, viríamos uma produção em crescimento, porém, ainda com uma qualidade de gravação, mixagem e masterização, bem fraquinhas. Visualmente então, melhor em comentar. Hoje há sim, um polo comercial voltado para o público Cristão, no rádio, na tv, e em lojas especializadas, que já concorrem com grandes redes como WallMart, Livraria Leitura, e outros que já têm gôndolas específicas para esse gênero e com títulos diversos, em seu mix de produtos. Por esse lado é positivo, pois há um maior acesso à fé Cristã. Mas a um preço que é preocupante.

Biblicamente falando, a fé é gratuita. Sim, mas isso se implica no ato de receber a Cristo, interiorizar e praticar a sua filosofia de vida. O mercado de vendas de produtos, livros, cds, é algo que se é oferecido a quem quer e/ou pode adquirir. O que me preocupa nem é isso. É em outro ponto, que fica mais na esfera televisiva. Proliferam-se os chamados tele-evangelistas, com programas caríssimos, que outrora, ocupavam as madrugadas e manhãs de canais pequenos e que por isso, tinham preços mais em conta. Hoje ocupam todas as faixas, inclusive a nobre, em canais grandes, e caríssimos. Cada vez mais, pede-se a colaboração sem o mínimo pudor, pelo "anunciar as boas novas de salvação ao maior número de pessoas possível". Duas notícias me chamaram muito a atenção nos últimos meses. A primeira é foi anunciada pela Sociedade Bíblica do Brasil, na revista Eclésia do mes de junho, afirmando, em números que o número de missionários brasileiros no mundo, e no próprio país caiu em 40% nos anos 2000 em relação à década anterior e que também o número de conversões no país caiu 25% em comparação aos anos 90. A(s) outra(s) notícia(s) foi ver os bispos Sônia e Estevam Ernandes presos com dinheiro ilegal no Estados Unidos, indiciados e condenados por lá, por evasão de divisas e lavagem de dinheiro. E aqui no Brasil Antony Garotinho, eterno candidato da maioria dos evangélicos, ser indiciado por formação de quadrilha armada, em seus tempos de governador e secretário de segurança pública do Estado do Rio de Janeiro. Sem contar também os "Malafaias", "Coelhos" e "Gregórios" que vivem envolvidos em investigações por conta de suas movimentações escusas. Todos esses, tele-evangelistas. Todos esses pregadores do Reino de Deus. Todos milionários. Milionários por serem pastores, por pedirem contribuições, por aceitarem até cartões de crédito e débito nas instituições que lideram, por cobrarem de congregações cachê pra levarem aquilo que é gratuito segundo o próprio Deus: "...Aquele que tem sede venha, e quem quiser, receba de graça a água da vida." (Apocalipse 22:17). Será que é isso que Deus esperava de seus representantes? E pensar que tudo começou com um burrinho!

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