Nessa segunda feira morreu um grande gênio do cinema europeu. Morreu Ingmar Begman. E junto com ele, uma época em que o cinema era feito de uma forma não clássica, não normal, não óbvia, não hollywoodiana. Autor de clássicos como Persona, quando duas mulheres pecam, e Fanny e Alexander, o grande temor de Bergman era a morte. E isso se refletiu muito em sua obra; em Fanny e Alexander, por exemplo, ele mostra todo seu pânico por sua natureza finita,onde o personagem de Alexander é o próprio Ingmar Berman, em sua criação extremamente rígida e sempre amedrontada e atormentada pelo fantasma de seu pai luterano.
Os seus filmes lidam geralmente com questões existenciais como a mortalidade, solidão e fé. As suas influências literárias vêm do teatro: Henrik Ibsen e August Strindberg, mostrando que a sua formação não era rasa e além de tudo tinha um forte apelo de sua visceralidade natural.
Teve a experência impar de transar com as mais belas e talentosas atrizes suecas, mas a musa-mor de Ingmar Berman foi Liv Ullmann, com quem teve um romance longo, uma filha e 10 filmes.
Em 1958, o cineasta francês Jean-Luc Godard, fez o que talvez seja a primazia da sintetização do que seria Igmar Bergman: "O cinema não é um ofício. É uma arte. Cinema não é um trabalho de equipe. O diretor está só diante de uma página em branco. Para Bergman estar só é se fazer perguntas; filmar é encontrar as respostas. Nada poderia ser mais classicamente romântico". (Jean-Luc Godard, "Bergmanorama", Cahiers du cinéma, Julho - 1958).
O diretor e roteirista morreu em sua casa em Fårö aos 89 anos. A morte, segundo sua filha, Eva Bergman, ocorreu de forma tranqüila. Aquele que tanto temeu a morte, acabou a encontrando de forma serena, dormindo um sono gostoso. Nada mais justo do que um cara que a tratou sempre com tanta maestria e cuidado que só quem vive sabendo do que e de que se vive poderia.
Wednesday, August 01, 2007
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1 comment:
Keep up the good work.
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